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Não se culpe: está tudo bem não querer ser só mãe

Matéria de Carolina Prado

05/10/2017 04h00

A gestação da profissional de RH Tamares Yamamoto, 37 anos, foi complicada e durante os noves meses ela acabou passando mais tempo afastada do que trabalhando. Na mesma semana em que retornou ao emprego, quatro meses e meio depois do parto, sua filha foi internada com bronqueolite. “Perdi meu chão, mas sabia que para dar o melhor para ela, eu precisava trabalhar. Recorri à ajuda da minha mãe, da minha sobrinha e da minha amiga”, conta Tamares. “Eu gosto do que faço e ganho um bom salário para poder proporcionar tudo o que minha família precisa e deseja. Na época, estava com 35 anos e sabia que uma pausa na carreira seria impactante no meu futuro”, completa.

Assim como Tamares, muitas mães se veem em dilemas pessoais e profissionais após o filho nascer. É porque a mulher passa a desempenhar um novo papel que a obriga, por um tempo, a colocar em modo de espera suas outras facetas. “A mãe sente o bebê como a extensão de si própria, se ela pudesse, manteria ele diante dos seus olhos 24 horas por dia. Por isso, quando tem de retornar para a suas atividades rotineiras com mais intensidade, surge a dúvida se está sendo egoísta em pensar em si, no seu trabalho, na sua vida social e até mesmo no relacionamento com o seu parceiro”, explica a psicóloga Adriana Gandini Pezzuol.

A vida não é monotemática

A verdade é que a maternidade não exclui as necessidades humanas existentes antes de sua ocorrência. E o caminho para se culpar menos é entender que poucas pessoas são felizes sendo uma coisa só. “Vidas monotemáticas tendem a adoecer qualquer um. Quando alguém se dedica a uma única atividade, a rotina se torna cansativa e desgastante. Com a maternidade não seria diferente”, diz o psicólogo Luiz Francisco.

Você não precisa ser onipresente

Diferentes papéis acrescentam novos elementos ao dia a dia. Por isso, vale tentar encontrar brechas dentro da sua rotina para fazer coisas de que gosta – seja ir à manicure, tomar um chopp com as amigas ou praticar um hobby. “Sem essas pausas, a mãe fica estressada, o que impacta na relação dela com a criança. Poucas horas de distração já rendem benefícios para a mente”, diz a psicanalista Juliana Germinari. A obrigação de estar com o filho o tempo todo pode causar sofrimento. “Nesses casos, melhor é terceirizar atividades operacionais para poder oferecer carinho e dedicação consistentes”, diz Luiz Francisco.

Creche x coração apertado

Escolher um cuidador que lhe passe confiança, para quando não estiver presente, é importante para amenizar a culpa, caso o sentimento apareça. E se o filho precisar ir para a creche logo nos primeiros meses, não tenha receio. A criança necessita do contato com outras crianças e adultos para se desenvolver. “Ela precisa aprender a construir e manter novas relações. O mundo escolar é o começo desse aprendizado”, fala a psicóloga Fernanda Moraes.

Qualidade ou quantidade?

Ficar 24 horas ao lado do filho não significa ter uma relação mais rica do que a mãe que só consegue passar uma hora com ele entre jantar e dormir. “O importante é que nos momentos em que estiverem juntos, estejam presentes de verdade. Esqueçam os smartphones, computadores, e realmente prestem atenção no que a criança está fazendo e falando. O filho que se sente cuidado pelos pais tende a ser mais seguro”, fala Juliana.

Veja a íntegra em https://estilo.uol.com.br/gravidez-e-filhos/noticias/redacao/2017/10/05/nao-se-culpe-esta-tudo-bem-nao-querer-ser-so-mae.htm?cmpid=copiaecola

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